Seca extrema coloca dezenas de milhões em risco de fome em diversas regiões do mundo
Relatório alerta que mudanças climáticas e El Niño agravam escassez de água e alimentos, afetando especialmente África, América Latina e Sudeste Asiátic

Um relatório conjunto do Centro Nacional de Mitigação de Secas dos EUA, da Convenção da ONU para Combate à Desertificação e da Aliança Internacional de Resiliência à Seca (IDRA) revela que mudanças climáticas e condições de El Niño aumentaram a intensidade e frequência de secas em todo o mundo, colocando mais de 90 milhões de pessoas na África Oriental e Meridional em situação de fome extrema. O estudo também destaca graves impactos em partes da América Latina, Sudeste Asiático e Mediterrâneo, incluindo países como México, Espanha e Marrocos, afetando cadeias produtivas, comércio e estabilidade financeira local.
O relatório afirma que níveis elevados de temperatura combinados com precipitação insuficiente estão causando escassez generalizada de água, comprometendo colheitas e reduzindo o rendimento agrícola. No Panamá, a baixa vazão do Canal enfrentou paralisação de tráfego e aumento de custos de transporte marítimo, enquanto em países mediterrâneos verificou-se queda significativa da produção de trigo e oliveiras. Já na Turquia, as perdas por degradação do solo prejudicaram áreas rurais vulneráveis.
Especialistas alertam que se nada for feito, até 2030 a demanda por água pode exceder a oferta em até 40%, comprometendo mais de 50% da produção global de alimentos e gerando impactos severos no acesso à nutrição e saneamento. O relatório classifica a seca como um “assassino silencioso”, que vai minando a segurança alimentar, encarecendo alimentos e levando populações à pobreza e deslocamento.
Organizações humanitárias e governos locais já observam sinais alarmantes de desestabilização social, com aumento da migração interna e protestos por água e alimentos. A publicação ressalta a urgência de iniciativas conjuntas para mitigar os efeitos climáticos, incluindo investimento em tecnologias de irrigação, conservação hídrica, apoio financeiro aos agricultores e planejamento para gerenciamento de crises que cruzem fronteiras.
O documento chama atenção para a interligação entre clima, economia e segurança alimentar global, reforçando que a resposta precisa ser coordenada entre nações, setores públicos, privados e sociedade civil, para evitar que milhões entrem em situação crítica e que a instabilidade local se transforme numa crise global.
FONTES:
CENTRO NACIONAL DE MITIGAÇÃO DE SECAS (EUA), CONVENÇÃO DA ONU PARA COMBATE À DESERTIFICAÇÃO, IDRA
COMENTÁRIOS